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Atualmente em muitas propriedades rurais, infelizmente não se tem registros dessas informações, o que causa risco financeiro muito grave na gerência do negócio de pecuária de corte, pois pode acontecer o chamado lucro falso, que se trata de um lucro maquiado pela falta de contabilização de todos os gastos envolvidos na produção animal (arrobas). Na maioria das vezes, esse lucro falso é por conta da não inclusão dos custos como depreciação. Daí a importância de saber fazer e não deixar de realizar na fazenda o cálculo do valor da arroba produzida.
Passo a passo para ter o valor da arroba produzida
Suponhamos que um fazendeiro que vamos chamar de Anderson, herdeiro da Fazenda Olhos d’Agua, herdou a fazenda de seu avô. Porém, nunca houve contabilidade nela e ele gostaria de saber o valor que ele gastará para produzir cada arroba dentro da propriedade, incluindo o valor de seu salário/retorno nestas contas.
Para tal, Anderson deverá contabilizar todos os gastos envolvidos em sua produção, incluindo o valor de seu salário desejado ou retorno (neste caso, incluindo um valor de retorno desejado, o lucro 0 por arroba é algo bom ). Após coletados todos os gastos, incluindo as depreciações, Anderson deverá dividir o valor desses gastos pelo número de arrobas produzidas no período ou no mês, dependendo da situação da fazenda.
Coleta de dados
Para realizar uma contabilidade com precisão é necessário a coleta de alguns parâmetros zootécnicos da propriedade, vamos considerar os dados da fazenda de Anderson que é uma fazenda de recria/engorda:
*UA (unidade animal) = 450kg de peso vivo.
Nesta situação, vemos que Anderson possui 100 hectares de pastagens com 350 animais por ciclo, que dura um período de 730 dias. Ele compra animais com média de 12 @ (180 kg) e consegue vendê-los no final do período com 545 kg (36,3 @), conseguindo 19,3 @ (289,5 kg) de carcaça.
*A quantidade média de arrobas de carcaça multiplicado pelo número de animais será o seu lucro bruto em arrobas do período.
A partir desses dados, para saber o valor gasto para produção de cada arroba e o lucro obtido, deve-se descontar todos os gastos envolvidos na produção deles do valor recebido pela venda das arrobas de carcaça. Ficando estabelecido da seguinte forma:
- Custos fixos;
- Custos variáveis;
- Resultado.
1. Custos fixos
Custos fixos são provenientes dos bens da fazenda utilizados durante o período de produção, mas não são esgotados apenas em um período, são utilizados em vários períodos, como maquinários, benfeitorias, pastagens, entre outros. Neste caso, são contabilizados os valores de depreciação de cada item e logo somados, para posteriormente descontá-los no lucro líquido.
A depreciação pode ser contabilizada da seguinte forma:
Depreciação = (Valor Inicial – Valor Final) / Vida útil
*O valor inicial pode ser o valor pago pelo bem, e a vida útil pode ser os anos de uso restante do bem.
A depreciação é um valor que você recolhe e guarda separado do caixa da fazenda, para quando houver a necessidade de reparo ou de reposição de algum bem você não ter um problema de caixa. O valor final ou depreciação de cada bem você pode conseguir na internet, ou se tiver conhecimento sobre, você mesmo pode estabelecer uma projeção para tal.
*Observando esses dados podemos ver que Anderson gasta R$: 121.343,34 por ano com depreciações.
2. Custos Variáveis
Ao contrário dos custos fixos, os custos variáveis representam os recursos utilizados durante o período de produção e que são esgotados neste período, tais como: gastos com nutrição, vacinações, combustível dos maquinários gastos neste período, gastos com água e luz, mão de obra de fora, mão de obra interna, insumos, custos administrativos, salário do proprietário ou retorno do proprietário, e quaisquer outros gastos ligados à produção dos animais. Estes custos devem ser coletados por mês e depois somados no final do período de produção.
3. Resultado
Somando os custos variáveis totais + os custos fixos totais, obtemos o custo operacional total. Dividindo esse valor pela quantidade total de arrobas de carcaça produzidas, podemos saber o custo para produzir cada arroba.
Nesta situação, Anderson retirando o seu valor mensal de retorno/salário, pagando todos os seus gastos no período e recolhendo o valor de depreciação para futuras necessidades, ele possui um custo de R$ 180 por arroba produzida. Ou seja, se ele vender a arroba por R$ 180, ele obtém um lucro zero, mas com seu salário/retorno incluso e os valores de depreciação que podem ser utilizados com cautela, e se ele conseguir vender a arroba mais cara, o restante será lucro líquido do negócio.
Por exemplo, se ele vender a arroba por R$ 197, ele vai obter um lucro bruto de R$ 1.330.735 no período de produção, e descontando o custo operacional total, ele terá um lucro líquido para fazenda de R$ 118.048,32 já recebendo o seu salário e recolhendo as depreciações do período.
Atenção ao valor da arroba produzida!
Os custos de produção variam para cada propriedade rural, e é muito importante fazer a coleta de todos os gastos para assim poder realizar uma contabilidade precisa de sua fazenda de bovinocultura de corte. Só assim o proprietário conseguirá enxergar financeiramente a situação de sua fazenda e assim poder fazer planos de investimentos com mais segurança.
A situação da fazenda apresentada neste artigo, pode auxiliar os pecuaristas a calcular seu próprio custo de produção. Mas lembre-se: quanto mais precisa for a coleta de dados, mais fiel será a contabilidade da propriedade.
De modo que esse monitoramento de dados torna-se muito mais fácil com a utilização de uma plataforma digital de gestão para fazendas de gado de corte. O que possibilita planejamento e boa estratégia baseados em informações reais sobre a propriedade.
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