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A época seca vem se aproximando e com ela, em muitas propriedades, também chega a falta de alimento para os animais, e dessa forma é inevitável a perda de peso nos animais.
Outra situação desafiadora, que acontece na fazenda nesse período, é a necessidade da compra de alimento para os animais no momento de alta dos preços. Esse aumento decorre da alta procura pelas propriedades que não se preparam para a época de estiagem, que não possuem um planejamento alimentar adequado e antecipado.
É um cenário ao qual não se tem muito como fugir, se não se preparar para a época seca do ano, irá faltar alimento para os animais, a não ser que os pastos estejam sendo manejados muito abaixo de sua capacidade de suporte – em outras palavras, deixando de lucrar o que poderia lucrar, utilizando os pastos abaixo de seu potencial real.
Hoje vamos abordar um pouco mais sobre esse assunto tão importante no manejo do pasto. Te convido a continuar com a leitura e conhecer um pouco mais sobre os aspectos que merecem atenção, antes da chegada desta época desafiadora.
Pecuária de corte: como se preparar para a seca?
Alternativas dentro da fazenda
Se na propriedade for utilizado o pastejo contínuo, e na época das chuvas, realizar o manejo da pastagem sempre na altura indicada, para cultivar em pastejo contínuo ou um pouco maior, provavelmente apenas a vedação de uma parte da pastagem aliada com o uso de um bom sal proteinado já irá conseguir evitar um eventual cenário de perda de peso nos animais, em decorrência da falta de alimento. Confira o gráfico** abaixo:
Caso a situação seja diferente; por exemplo, no caso de uma propriedade que utiliza o pastejo rotativo e não há áreas suficientes para realizar uma vedação que consiga suprir a falta de alimento dos animais; ou, se é uma propriedade que usa de pastejo contínuo, mas a pastagem até na época das chuvas é manejada abaixo da altura recomendada; ou ainda, se na propriedade há uma preocupação de obter ganho de peso mais elevado na época da seca, muito provavelmente apenas a vedação de uma área da pastagem, aliada com o uso de um sal proteinado, será insuficiente para conseguirmos um bom resultado. É preciso então lançar mão de outras técnicas.
Se na propriedade falta alimento apenas no final da época da seca, em um curto espaço de tempo, é possível fazer o plantio de alguns hectares de capineira, para assim utilizá-la na época que normalmente surge a falta de alimento nos pastos. Dessa forma, bastará efetuar a colheita diariamente, picando e servindo no cocho, quando não mais tiver alimento nos pastos.
Outra opção, seria começar a servir a capineira no início do período seco, em uma quantidade menor. Desta maneira, estará se utilizando a capineira com um melhor valor nutricional e assim diminuindo o consumo dos pastos pelos animais. Ou seja, estendendo por mais tempo o uso dos pastos, pois os animais vão estar substituindo parte do consumo do pasto pela capineira picada e servida no cocho diariamente.
Assim, é possível manter o pasto com alimento disponível por mais tempo e também dando maior capacidade de rebrota para ele, mesmo que esteja bastante reduzida nesse período, mas há a possibilidade de ainda haver alguma rebrota em certas condições e regiões.
Dependendo da quantidade de alimento que normalmente falta nos pastos, é possível plantar alguns hectares de alguma cultura para a confecção de silagem. E, após a colheita e o fechamento do silo, realizar o plantio de uma capineira no local que é colhida a cultura utilizada para silagem. Logo, estará utilizando a mesma área para produzir ainda mais alimento. Em propriedades que não têm muitas áreas disponíveis para plantio, pode ser uma boa opção para se conseguir produzir uma maior quantidade de alimento.
Desse modo, é feita a colheita da cultura, a silagem e depois, é plantada a capineira para deixar em crescimento para se utilizar na parte final do período de seca, quando o pasto e a silagem já estiverem no fim.
É importante ressaltar que também é possível servir a silagem no cocho aos animais antes do fim do alimento disponível nos pastos. Consequentemente, é reduzido o consumo do pasto com a silagem, retardando assim o seu fim, como mencionado no parágrafo anterior com a capineira.
Alternativa externa da fazenda: compra de alimento de fora
Em caso de não ter a opção de plantar nenhuma área, nem sequer uma parte da pastagem, que esteja degradada e que já não produz forragem como deveria, e também de não ter como vender os animais e nem alugar pasto, a saída mais econômica é comprar alimento de fora.
Mas como esta será uma estratégia um tanto mais custosa, haja vista que a cada vez que se aproxima mais da época seca estes insumos ficam mais caros, o melhor é se preparar bem antes e comprar com antecedência. Assim, torna-se possível negociar um preço melhor com o fornecedor.
De toda forma, ao optar por esta alternativa, é necessário ter cuidado na hora de armazenar este alimento. Não comprar alimentos úmidos para usar em períodos distantes, pois alimentos úmidos têm grande facilidade em se deteriorar e produzir substâncias tóxicas aos animais.
Ao comprar alimentos para fazer estoque, faz-se necessário ter local adequado para armazenamento, protegido da umidade, roedores e insetos. E sempre dar preferência a alimentos secos que permitem maior tempo de estocagem. E para evitar problemas na estocagem, não é indicado comprar antes da época da seca, pois assim pode permitir uma maior deterioração do alimento.
Então, o recomendado é adquirir o alimento próximo do início do período de estiagem e fornecer no cocho com sal mineral, ou sal proteinado desde o início da seca, para diminuir a pressão de pastejo nos pastos e assim reservar alimento nos pastos por uma maior quantidade de tempo. Mas uma exceção pode ser em caso de possuir ótimos galpões de armazenamento.
Mas se a situação for outra, como por exemplo, disponibilizar alimento para os animais a época seca inteira, seja com pasto vedado, ou fornecimento de silagens, ou fornecimento de capineiras, ou fornecimento de alimentos que estavam armazenados, e visando obter maior ganho de peso diário aos animais nesse período de seca, é preciso recorrer ao uso de rações proteinadas ou rações proteinadas energéticas.
A escolha correta vai depender da estratégia econômica mais compensatória, que devido às variações constantes no mercado financeiro pode não ser compensatório tal estratégia após certo ponto, por isso tal escolha deve ser feita de forma cautelosa e com a ajuda de um zootecnista. Afinal, ele tem o conhecimento técnico adequado sobre qual estratégia nutricional será mais adequada para a propriedade. Isso visando a idade e peso de abate dos animais, que mais se alinha ao preço do mercado no momento previsto de venda, e que irá possibilitar maior margem de lucro ao produtor.
Atente-se antes da chegada do período de seca
Esses são alguns dos aspectos que merecem atenção antes da chegada da época seca do ano. Quanto antes se preparar, maior será a chance de conseguir atravessar por esse período sem situações desafiadoras e perda de peso dos animais.
O planejamento alimentar bem feito reflete em bons resultados de produtividade e, consequentemente, bons lucros. Se necessário, busque ajuda de um profissional da área, mas não fique suscetível à perda de peso em seus animais e nem a situações desafiadoras, como a da compra de alimentos na hora da falta de pastos.
Foi um prazer ter a sua companhia aqui nesta leitura., Saiba que a JetBov torce pelo seu sucesso, ele é a nossa missão diária. E assim como este texto, vários outros estão aqui disponíveis, em nosso blog, o Blog da Pecuária do Futuro – O blog da JetBov.
Nós da JetBov desejamos que a alta lucratividade e a alta produtividade sempre esteja contigo meu amigo produtor!
**Gráfico: EMBRAPA, 2004