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Os últimos 10 anos no Brasil foram os mais difíceis em 120 anos. De acordo com estudos promovidos pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), este fato foi alavancado pela pior recessão sofrida na história do país, que contribuiu para a diminuição do PIB (Produto Interno Bruto), influenciando na disparada do desemprego e com isso aumentando as dívidas e a retração dos investimentos na economia, ocasionando a desconfiança de outros países perante ao nosso.
Mas a agropecuária – mesmo nesse cenário negativo e com todas as dificuldades políticas e econômicas – não tem medo de crescer. Além disso, é a atividade que segura a economia nos momentos mais difíceis. Atualmente representa aproximadamente 1/3 do PIB nacional, e quase 20% dos empregos formais brasileiros. Dentro deste ranking está a pecuária de corte.
Os Números assustam!
A produção de carne no país ultrapassa as 10.200 mil toneladas por ano, das quais 2.200 mil toneladas são exportadas para ao restante do mundo, fazendo com que o Brasil ocupe a primeira colocação no ranking de exportação de carne bovina do mundo. Nosso rebanho é estimado em mais de 238.000.000 cabeças, representando 24% do total existente no mundo, ficando atrás apenas para a Índia.
Para falar das perspectivas da pecuária de corte no país em 2020, não basta apenas fazer uma projeção levando em conta o crescimento apresentado em 2019, há vários outros fatores a serem observados dentro e fora do Brasil.
Política Econômica
Com a política econômica adotada nos últimos tempos, o Brasil vem retomando a confiança nacional e internacionalmente, atraindo maiores investimentos e importantes alianças com outros países, abrindo assim a porteira para compras de vários produtos, dentre eles a carne bovina.
Durante todo o ano de 2019, houve notícias de novos frigoríficos habilitados para abaterem animais destinados à exportação. Mas o que isso significa na prática?
Significa que, com a confiança que o Brasil está gerando externamente, aliado a uma procura crescente de alimento por outros países (China, Arábia Saudita, entre outros), o número de carne exportada ainda pode aumentar mais este ano, gerando mais visibilidade para a produção brasileira e maior rentabilidade para os produtores.
Fonte: agronerd.com.br
Alta no dólar
Outro ponto que pode fomentar a pecuária de corte este ano é a alta do dólar. Com as perspectivas de estabilidade do dólar por volta dos R$ 4,00 o Brasil voltará a lucrar pois venderá as carnes por um valor maior. Neste caso, a @ está diretamente relacionada com o valor do dólar.
Porém outro aspecto que nem todos veem, mas existe, é que com a alta do dólar, as matérias primas para a produção de rações ficarão mais caras. Mesmo assim, a alimentação de bovinos em confinamento representa cerca de 20% do custo total (um custo baixo quando se olha o valor total gasto).
Fonte: br.depositphotos.com
Taxa de desemprego
Com a queda da taxa de desemprego em 2019, os brasileiros levaram mais dinheiro para dentro de suas casas. E dentre os itens que são considerados mais caros para a alimentação destaca-se a carne bovina. Sendo assim, podemos dizer que quanto mais as pessoas ganham, mais gastam em itens mais caros, como a carne bovina.
Dessa forma, levando em consideração de que há uma projeção para uma queda maior no desemprego em 2020, o próprio mercado interno deve apresentar um aumento no índice de consumo desta proteína.
Mercado Chinês
De acordo com a USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o consumo de carne por parte dos chineses continuará em ritmo elevado em 2020, com projeção de aumento de 20,8% das importações em relação ao ano passado. Este aumento é esperado principalmente no período de safra deste ano, ou seja, no segundo semestre.
Fonte: agronovas.com.br
Alta na reposição
O cenário de reposição no Brasil obedece a uma ordem: quando se mata mais vacas, obviamente, a reposição irá ficar mais cara, pois não haverá mais fêmeas suficientes para suprir a demanda a ponto dos preços abaixarem. Foi exatamente isso que aconteceu nos últimos anos, ocasionando o aumento da reposição no final de 2019 e que provavelmente estenderá durante quase todo o ano de 2020.
Recessão Global
O indicio de uma recessão global é grande. Contudo, com o alavancar de nossa economia, conseguindo apoio internacional e cortando gastos como a reforma da previdência (que já ocorreu) e a reforma tributária (que se aproxima), o país deve passar por este problema sem grandes dificuldades.
Mas a recessão também afetará o restante do mundo, e isso muito provavelmente trará consequências para o comércio, prejudicando a exportação de carne e outros tipos de commodities.
Apesar do cenário estar indo para esse lado, a recessão ainda não é uma certeza e há vários fatores que podem impedir que ela ocorra tão cedo. Por isso, para o pecuarista não é ideal tomar decisões apenas com especulações de uma crise de tamanhas proporções, e sim tomar decisões com a evolução que a economia brasileira está mostrando, olhando sempre as notícias de política e economia internacional.
Estratégias para 2020
Se o Brasil continuar com a política econômica atrativa internacionalmente, provavelmente o comércio de carne bovina com outros países aumentará novamente neste ano. Mas, com a alta do dólar, os custos com a produção dos animais ficarão mais caros, então a receita tende a ser igual: comprar o gado na hora certa e por um preço justo, ou encontrar um meio de produção mais acessível como terminação intensiva a pasto (TIP), ou investimento na melhora de suas pastagens (já que o pasto é a forma mais barata de se criar) para aumentar o número de cabeças por hectare, ocasionando uma maior receita ao final do ano, aproveitando a alta da @.
Fonte: dicas.boisaude.com.br
Mas se esses requisitos já eram feitos por nós quando produzíamos em pleno caos econômico brasileiro, imagina agora com a economia se levantando novamente?
Conclusão
O mercado está altamente favorável para os pecuaristas brasileiros, e os índices indicam que haverá uma alta na produção do setor agropecuário do país em 2020. Então, será o momento do agro crescer ainda mais e ajudar o país a crescer, contribuindo para o PIB, com a geração de empregos, e claro levar alimento às mesas de toda a população, fazendo com que o Brasil se torne a potência que todos nós brasileiros sonhamos que seja.