Por que integrar a Pecuária na sua lavoura?

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Para se instalar um programa de integração lavoura pecuária (ILP), devemos primeiramente entender sobre esse tema. A ILP nada mais é do que trabalhar com pecuária e lavoura (principalmente grãos) em uma mesma área de forma sucessiva, buscando otimizar tempo e espaço de terra para a produção de riqueza, seja em grãos ou em carne. Nesse momento vale a máxima: Tempo é dinheiro !

Algumas das  principais vantagens para o agricultor investir na pecuária, são:

  • O investimento é baixo para o agricultor: Somente compra de animais, cerca, um curral simples com uma balança para aferir o desempenho dos mesmos. Se o pecuarista for investir na agricultura, poderá ser o  contrário: Alto investimento em maquinário, estoque de grãos( silos), defensivos. Assim é interessante fazer contato com um vizinho agricultor que possa utilizar a terra para lavoura e depois te entregue de preferência com uma pastagem pronta pro uso do gado.

  • Diversificação da produção: Traz uma nova fonte de renda para a propriedade, otimiza a mão de obra, a terra que é muito cara, traz maior segurança financeira para propriedade. Vale o ditado: não colocar todos os Ovos na mesma cesta!!

  • Redução de custos: Reduz ou torna mais eficiente o uso de suplementação animal e/ou defensivos agrícolas. Pois quanto melhor o pasto, menor a necessidade de suplemento para a demanda nutricional do animal. Com culturas diferentes e constante manejo de solo, diminui a quantidade de pragas e ervas daninhas ( um exemplo disso é a forma ágil como a praga do Capim Annoni se espalha no Rio Grande do Sul que possui campos nativos degradados).

  • Melhoria da produtividade/Ha: as pastagens apresentam melhor crescimento e qualidade pois aproveitam os restos culturais e sobras de adubação da lavoura levando ao  maior ganho  de peso  dos animais e maior lotação/área; Sendo esse quesito muito importante quando pensamos no ciclo de CRIA e as vacas precisam estar com bom Escore Corporal para emprenhar na Estação de Monta. Na recria, temos sempre o objetivo de fazer com que os animais ganhem peso sempre, um exemplo é o boi 6/6/6 ou 7/7/7 a pasto com suplementação.Para isso, maior quantidade e qualidade de pasto é essencial para produzir uma @ barata.

Fonte: Revista Agropecuária

A ILP pode ser feita utilizando-se culturas anuais (milho, soja, batata e etc.) com forrageiras anuais ou perenes( pode ser feita por qualquer pecuarista que queira incrementar sua lucratividade/area). Portanto a ILP pode ser feita nas entre safras aproveitando o aumento do preço do boi gordo, na escassez de pasto). O uso de culturas anuais e forrageira anual é bem difundido no sul do Brasil, onde no verão se cultiva soja, milho ou até batata e no inverno se cria bovinos de corte em pastagens de aveia, azevém, trevo e ervilhaca. O sistema utilizando pastagens perenes pode ser aplicado com cultivo de grãos por dois ou três anos, e em seguida de três a sete anos de pastagem (após o terceiro ano de pastagem é necessário fazer adubações anuais seguindo recomendações de análise de solo).

Um dos sistemas de ILP que mais está ganhando espaço é o chamado de Santa Fé, desenvolvido pela Embrapa Arroz e feijão. Este sistema utiliza a rotação de milho com forrageiras do gênero Brachiaria ou Panicum, onde as duas culturas são semeadas juntas ou a forrageira com 20 a 30 dias de atraso em relação ao milho. Durante o crescimento do milho a forrageira fica com o crescimento parado e só se desenvolve após a colheita do milho, ou seja, de 20 a 30 dias depois da colheita do milho já se pode fazer o primeiro pastejo na área. Os animais ficam na área até 20 ou 30 dias antes do plantio da próxima cultura para que a forrageira possa se recuperar e deixar uma boa cobertura de palhada para a próxima cultura se cultivada em plantio direto ( pensa no BOI, recria/terminação é interessante 20-30 dias pra ganhar peso/evitar efeito sanfona/diminuir pressão da lotação).

Fonte: Embrapa Soja

Vale ressaltar que antes de você pecuarista investir em um sistema como o ILP é interessante procurar um técnico na sua região, para que ele possa prestar maiores esclarecimentos e verificar a real possibilidade de implantação desse sistema na sua propriedade.

Créditos:

Autor: Thyago Guilherme Becker, Técnico em Agropecuária, Acadêmico de Bacharelado em Medicina Veterinária – IFC – Campus Araquari.
Ranieri Bom, Médico veterinário e Consultor comercial JetBov
Dr. Ivan Bianchi, docente do curso de Medicina Veterinária do Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari.
Dr. Carlos Eduardo Nogueira Martins, docente do curso de Medicina Veterinária do Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari
Drª. Elizabeth Schwegler, docente do curso de Medicina Veterinária do Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari.

Referências:

  1. ALVARENGA, R. C. e NOCE, M. A.; Integração lavoura-pecuária. Documentos 47. Embrapa milho e sorgo. Sete Lagoas, MG, 2005.

  2. NASCIMENTO, R. S. e CARVALHO, N. L.. Integração lavoura-pecuária. Monografias ambientais. vol.(4), n°4, p. 828-847, 2011.

  3. SCHNEIDER, T. R.. Rendimento de milho para silagem cultivado em sucessão à pastagem consorciada de inverno no sistema de integração lavoura-pecuária. Universidade Federal do Paraná. Curitiba. 2008.
    MARTINS, A. P.; KUNRATH, T. R.; ANGHINONI, I.; CARVALHO, P. C. F.; Integração soja-bovinos de corte no sul do Brasil. Boletim técnico. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2ªed. Porto Alegre. 2015.

Tags: #Pecuária #ILP

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