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Em 2019, pecuária nordestina registrou crescimento no rebanho maior que as demais regiões do país
A criação de gado bovino na região Nordeste traz consigo uma parte da história dessa atividade no Brasil. Isso porque a pecuária brasileira teve início no Nordeste, ainda no século XVI.
As primeiras cabeças de gado teriam vindo para a capitania de São Vicente, diretamente de Cabo Verde. Posteriormente, por volta de 1550, um novo carregamento de animais chegou a Salvador. A partir daí a atividade pecuária se estendeu para outras áreas do Nordeste, com ênfase em Maranhão, Piauí e Pernambuco.
Raça Gertrudis conquista pecuaristas do Nordeste. Fonte: Jornal de Alagoas
Contudo, como a pecuária bovina exigia certo espaço para formar pastagens, ocorreu a expansão da atividade. Assim, iniciou-se o processo de criação de gado no interior do Nordeste e até para o Centro-Oeste do país.
Foi nesse mesmo período que a figura do vaqueiro passou a ter mais importância e destaque na cultura nordestina, conduzindo o gado pelo sertão. Porém, no início, a criação de gado era tida como uma atividade complementar nas propriedades, sendo os animais sendo utilizados para tração nos engenhos.
A partir do século XVII, as atividades pecuárias foram crescendo e os animais cada vez mais utilizados para obtenção de leite e carne, tornando-se uma atividade independente. Assim, em 1614 foi realizada na Bahia o que seria a primeira feira de gado; evento que, mais tarde, se espalharia pelo país mesclando a pecuária e a agricultura.
Uma das raças que ganhou espaço no Nordeste foi a zebuína sindi. Essa raça possui décadas de evolução natural e, no Brasil, começou a ser criada na entrada do século XX. Oriunda das regiões dos desertos de Sind – território indiano e posteriormente anexado ao Paquistão – a raça se adapta bem a regiões extremas de clima quente, como o Nordeste brasileiro.
Raça Sindi
Os animais, rústicos e de pequeno porte, são menos exigentes quanto à alimentação, sendo ideais para regiões com recursos alimentares limitados, nos quais seria difícil manter animais de grande porte que exigem alimentação balanceada. Assim, o sindi apresenta boa aptidão tanto para corte quanto para leite.
Alguns especialistas apontam que o Nordeste pode ser a nova fronteira agropecuária do país. Se o clima era uma preocupação, aos poucos essa ideia vai se dissipando, tendo em vista que em outras regiões, como no Centro-Oeste, há locais que passam meses sem chuvas, e mesmo assim a pecuária bovina é bem desenvolvida.
Com isso em vista, a aposta é em uma alimentação baseada em plantas resistentes à falta de chuvas, como algumas espécies de sorgo.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Pesquisa Pecuária Municipal de 2019, o Nordeste registrou um crescimento na pecuária. Segundo a pesquisa, o rebanho nordestino é, dentre as cinco regiões, apenas o quarto maior do país; porém, o que mais cresceu em relação a 2018.
A região saltou de 27,8 milhões de cabeças para 28,6 milhões, um aumento de 2,88%, com a maior parte concentrada na Bahia (10,2 milhões) e no Maranhão (8,0 milhões). Nas regiões Centro-Oeste e Norte o crescimento do rebanho foi de 0,27% e 1,43%, respectivamente. Já no Sul e Sudeste, nesse mesmo período, houve queda de 2,68% e 0,27%, respectivamente.
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