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As famosas cigarrinhas das pastagens são insetos sugadores que podem causar danos ao pasto, pois sugam a seiva da planta e injetam toxinas (secreções salivares), provocando amarelecimento, conhecido popularmente como “queima do pasto”.
Dentre as diversas espécies de cigarrinhas existentes, as principais são: Deois schach, Deois flavopicta, Deois incompleta, Zulia entreriana e Mahanarva sp.
Durante seu desenvolvimento, as cigarrinhas passam por três fases: ovo, ninfa e adulta. Em sua fase adulta vivem na parte aérea das plantas, já na fase de ninfas (insetos jovens), ficam sempre protegidas na base por uma espuma branca que evita seu ressecamento.
Como é o ciclo reprodutivo dessa praga?
- Ovo
As fêmeas depositam o ovo ao nível do solo ou sobre restos de vegetais, próximos à base da planta. O ovo possui forma alongada e cada fêmea deposita um número variado de ovos, dependendo da espécie.
O período de incubação também muda conforme a espécie, podendo chegar a até 200 dias, eclodindo somente quando tiver clima favorável para o desenvolvimento das ninfas.
- Ninfa
A condição climática necessária para o desenvolvimento das ninfas é formada por altas temperaturas e umidade. Por esse motivo é tão comum a proliferação de cigarrinhas no período chuvoso.
Ao andar nas áreas de pastagens da fazenda, é comum que o pecuarista encontre espumas brancas na base do capim. As ninfas produzem essa espuma e passam a viver nela, se alimentando de raízes superficiais ou da base da planta.
Segundo especialistas no assunto, a espuma se torna uma fonte de umidade e de proteção contra alguns inimigos. A duração dela varia de acordo com cada espécie e de acordo com as condições climáticas do local. Durante esse período, o inseto passa por várias trocas de pele e permanece envolto pela espuma até alcançar a fase adulta.
- Adulta
Ao contrário da ninfa que fica na base da planta, a cigarrinha adulta explora a parte aérea da pastagem. Ela se movimenta com voos baixos e curtos, além de pequenos saltos.
Ao se alimentar, introduz substâncias tóxicas nas plantas, levando a uma grave redução do crescimento e qualidade do pasto.
O ciclo total das cigarrinhas dura por volta de 50 dias, o que resulta em uma média de três gerações sucessivas na época das chuvas.
Entenda os danos causados pelas cigarrinhas-das-pastagens
Como já foi dito, as cigarrinhas injetam substâncias tóxicas na planta, podendo levar a uma severa redução de produção e qualidade da pastagem.
Mas, o que isso pode causar dentro do sistema de produção bovina?
Segundo estudos, uma infestação de 25 insetos na fase adulta por metro quadrado, por um período de 10 dias, reduz em mais de 30% a produção de matéria seca. Dessa forma, as pastagens infestadas pelas cigarrinhas possuem menor quantidade de proteína e de alguns minerais, como fósforo, além de terem menor digestibilidade. Apesar desses problemas, é importante destacar que, a não ser nos casos de o ataque ocorrer em plantas muito novas, geralmente as cigarrinhas não causam a morte da planta.
A redução da produtividade da forrageira, consequentemente, levará a área de pastagem à suportar uma menor taxa lotação, e a menor qualidade da pastagem fará que os animais tenham um menor desempenho, exigindo que o pecuarista invista em suplementação para repor o que o pasto não está fornecendo aos animais.
Ou seja, teremos menos animais na área de pastagem e estes animais engordaram mais lentamente, por estarem consumindo um pasto de baixa qualidade.
Alternativas para prevenir e controlar os danos na sua pastagem
- Capins resistentes e diversificação de cultivares
A alternativa da diversificação das pastagens, utilizando diferentes tipos de capim e o consórcio com algumas leguminosas, são alternativas interessantes para reduzir os problemas causados pela cigarrinha-das-pastagens. Essa é uma medida que pode ser adotada de forma preventiva, com o intuito de anular ou reduzir os efeitos, caso haja uma infestação.
Existem diferentes espécies de cigarrinhas, que atacam também distintos tipos de capins. Os capins braquiarinha, humidícola, tangola e a grama-estrela-roxa são atacados por espécies denominadas Notozulia entreriana e Deois flavopicta. Esses insetos, de coloração preta ou marrom, são menores e apresentam listras brancas nas asas.
Já os capins brizantão, xaraés (MG-5), tanzânia, mombaça, BRS zuri e BRS piatã são mais susceptíveis ao ataque da Mahanarva tristis, espécie de tamanho maior.
As cultivares mais resistentes aos ataques das cigarrinhas-das-pastagens são: B. brizantha cv. Marandu, B. brizantha cv. Piatã, Andropogon gayanus cv. Planaltina, Panicum maximum cv. Tanzânia, P. maximum cv. Mombaça, Panicum spp. cv. Massai, Panicum maximum cv. Zuri, Panicum maximum cv. Tamani, bem como o híbrido de Brachiaria denominado Mulato II.
O correto manejo e correção do solo, antes e durante a utilização dos pastos vai permitir que as plantas sejam mais vigorosas e resistentes aos ataques.
- Controle Cultural
Essa estratégia tem como objetivo criar um ambiente que seja desfavorável à sobrevivência das cigarrinhas.
É importante que a taxa de lotação da pastagem seja ajustada de forma que não haja “sobras”, evitando o acúmulo de matéria morta no solo. Já que, este acúmulo gera um ambiente úmido ao nível do solo, estimulando o desenvolvimento de raízes superficiais secundárias por parte da gramínea forrageira. Tais raízes são alimento em abundância para as ninfas das cigarrinhas, permitindo alta sobrevivência, resultando em elevados níveis populacionais.
No entanto, vale lembrar que em casos preventivos, ao ajustar a taxa de lotação, deve-se evitar o superpastejo.
O superpastejo pode ser usado somente como estratégia, caso já haja uma grande infestação de cigarrinhas na pastagem, pois o rebaixamento do pasto facilitará a passagem de luz para o solo com maior intensidade, aspecto que reduz a umidade e as condições de proliferação do inseto, além de contribuir com a dessecação das ninfas que estão ao nível do solo.
- Controle biológico
Naturalmente, no próprio meio ambiente, existem espécies de insetos que podem trazer benefícios, como por exemplo, a redução das populações de cigarrinhas-das-pastagens.
Os principais predadores são as espécies de moscas Porasilus barbiellinii e Salpingogaster nigra, várias espécies de formigas e também o parasitoide de ovos Anagrus urichi.
Outra alternativa, sendo esta a mais utilizada como forma de controle biológico, é a aplicação do fungo Metarhizium anisopliae. Esse fungo coloniza as ninfas e os adultos, entretanto, a efetividade dele depende dos fatores ambientais, principalmente, temperatura e umidade relativa do ar.
Para a utilização do fungo Metarhizium anisopliae é ideal acompanhar o nível de infestação da área e aplicar somente quando forem observados entre 6 e 25 ninfas, ou 20 a 30 adultos por metro quadrado.
Uma das grandes vantagens da utilização do controle biológico, é que dispensa a necessidade da retirada dos animais do pasto.
- Controle Químico
O controle químico é feito através de inseticidas, e também pode ser usado como ferramenta para o controle de altas infestações de cigarrinhas. Voltado ao combate da cigarrinha adulta, a aplicação de um inseticida deve ser feita no momento adequado para não desperdiçar o insumo.
É aconselhado acompanhar o nível de infestação da área e aplicar somente quando forem observados mais de 25 ninfas ou 30 adultos por m². O mercado oferece inúmeros inseticidas contra cigarrinhas-das-pastagens, mas vale lembrar que é importante buscar aqueles registrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Uma das grandes desvantagens da utilização de produtos químicos no controle de cigarrinhas, é que após a aplicação de tal, os animais devem ser retirados da pastagem por um determinado tempo que varia conforme as especificações do produto usado.
Qual a melhor opção de controle?
Dentre as formas de controle apresentadas, nenhuma delas possui 100% de eficácia. A melhor forma de controle é a preventiva e pode ser feita combinando diversos métodos.
O monitoramento das pastagens e a adoção de um conjunto de medidas, como o correto ajuste de lotação e a diversificação de pastagens, juntamente com a utilização de capins resistentes, se tornam mais eficazes que a utilização de medidas isoladas, sejam estas biológicas ou químicas.
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