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O agronegócio é um dos setores que mais movimenta e depende dos recursos relacionados a linhas de crédito. Os produtores, entre eles os pecuaristas, se beneficiam dos programas de financiamento rural para impulsionar seus negócios e contribuir para o crescimento do setor que, como é de conhecimento, está entre os mais relevantes para o PIB do país.
Tendo em vista essa necessidade, existem políticas públicas de linhas de financiamento e custeios voltadas para o agro, mas, de acordo com as estatísticas dos últimos anos, mesmo com valores crescentes liberados no plano safra, a demanda do campo não chega a ser suprida. Somado aos valores insuficientes, existe o entrave burocrático relacionado às solicitações de crédito e, ao levar em conta estes fatores, a operação muitas vezes é inviável para o produtor, que acaba perdendo oportunidades de investimento e aceleração do seu negócio, por falta de recursos ou para não comprometer seu capital de giro.
O cenário despertou interesse em muitos empreendedores e novas empresas, ocasionando no surgimento de novas modalidades de crédito, que trazem inovações financeiras estratégicas para o agro. As iniciativas são de extrema importância e tendem a ser o futuro do mercado de crédito rural, apoiadas inclusive pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, que tem investido esforços para que os produtores tenham recursos disponíveis.
Como funcionam e quais são as modalidades de crédito rural disponíveis?
Tem sido cada vez mais comum ouvir os termos Agrofintechs ou AgFintechs, que representam startups criadas com a finalidade de atender a demanda por crédito de uma forma mais desburocratizada e facilitada. Além de empresas que disponibilizam o crédito em si, se enquadram como AgFintechs as empresas relacionadas às análises de risco e monitoramento dos produtores.
O ritmo constante de desenvolvimento do setor agro tem atraído investidores para capitalizar as estratégias no setor privado que, somado à demanda, abriu espaço para a oferta das novas modalidades, das quais podemos destacar a CPR e CPR-A, a antecipação de recebíveis e rodadas de crowdfundings.
- CPR e CPR-A
A CPR e CPR-A, que são as conhecidas Cédulas do Produtor Rural, tem como objetivo firmar o compromisso de pagamento da dívida com a mercadoria, como por exemplo, o gado – sendo a chamada CPR física, ou ainda firmar o pagamento do valor referente a venda da produção no vencimento do contrato, a chamada CPR financeira. A CPR financeira não obriga o produtor a de fato vender sua produção, ela possibilita que financie o valor e a garantia não precisa ser a terra, mas o próprio gado, em se tratando de pecuária.
Estas podem não ser novas em sua forma tradicional, onde o produtor deveria ir até o banco ou cooperativa e também ao cartório, para registrar a cédula, O que passou a acontecer com as novas estratégias é que Fintechs digitalizaram esse processo, ou seja, o produtor não precisa sair de sua fazenda para nada, todo o processo é feito via canais digitais.
- Crowdfunding
Outra forma regulamentada de obter recursos são os Crowdfundings e hoje já existem startups que oferecem rodadas para o agronegócio. O Crowdfunding diz respeito à captação de recursos via investidores, pelo produtor ou por um grupo de produtores, como estratégia quando possuem um projeto para crescimento de seu negócio mas, não tem acesso aos financiamentos tradicionais. Essa modalidade, ao contrário do que se imagina, não pode ser realizada apenas por grandes grupos ou produtores já estabelecidos, mas também atende pequenos produtores. A chave para ser apto para esta modalidade é a gestão, principalmente de finanças, incluindo desde o planejamento até o histórico de safras, vendas e recebíveis, além da gestão de outros financiamentos e dívidas da propriedade.
- Antecipação de Recebíveis
A antecipação de recebíveis também se trata de uma maneira de obter crédito de forma desburocratizada em casos onde o produtor realiza vendas a prazo. Para que seja efetuada, é necessário firmar uma parceria e acordos entre produtor, comprador e a Agfintech. O produtor e comprador estabelecem os prazos de pagamento mas, o capital já é adiantado para que o produtor possa utilizá-lo em seu caixa ou investimentos e, ao final do prazo, o pagamento que seria feito a ele é realizado para a Agfintech. Um exemplo prático é a venda a prazo para frigoríficos, neste caso o pecuarista recebe o valor no ato da venda e o pagamento no prazo é feito pelo frigorífico para o credor.
Além da praticidade, outra grande vantagem na modalidade de antecipação de recebíveis é que se tratam de valores que já pertencem a empresa mas, levariam um prazo para entrar no caixa, sendo assim o custo é apenas com a taxa, que tende a ser competitiva e também reduz o risco de endividamento. Trata-se de um processo simplificado mas, como todo crédito, serão necessários documentos e análises que variam conforme a instituição, bem como a taxa para o fornecimento do valor imediato, sendo assim, vale mais uma vez lembrar que a boa gestão financeira pode contribuir para a facilitação do processo.
- Home Equity
Muito popular fora do Brasil e em expansão no país, o modelo Home Equity também é uma nova modalidade para obtenção de crédito no agro. Se trata de uma forma em que a garantia é o imóvel mas, difere das famosas hipotecas pois o imóvel é transferido para o credor por meio de uma alienação fiduciária, ou seja, apenas até o prazo de pagamento do crédito, e continua sendo propriedade do produtor, uma das vantagens da modalidade. Além disso, tendo como garantia o imóvel, é possível oferecer prazos mais longos e taxas mais atrativas, o que beneficia quem lança mão desta modalidade e, por envolver menos trâmites burocráticos do que a hipoteca tradicional, o acesso aos valores se torna mais facilitado e rápido.
- CRA – Certificado de recebíveis do agronegócio
Também temos como nova modalidade de acesso a crédito o CRA – Certificado de recebíveis do agronegócio, que é um título de crédito de renda fixa oriundo de transações entre produtores rurais e cooperativas, ou Agtechs e terceiros. O investidor que adquire um CRA contribui para o agronegócio pois, para que seja disponibilizado, é necessário que seja feita a solicitação pelo produtor do empréstimo ou custeio, e o credor cede o seu recebimento a uma securitizadora que irá emitir o CRA e disponibilizar o título para que seja adquirido. Sendo assim, os valores são oriundos de investimentos privados e recebidos pelas cooperativas ou Agtechs, que antecipam seus recebíveis e podem ter valores a ser disponibilizados aos produtores.
Para o produtor, o trâmite será a documentação junto à empresa que irá solicitar o crédito. Porém, atualmente existem programas de CRA relacionados à produção sustentável e nestes casos, para que seja elegível a solicitação, o produtor deverá cumprir os requisitos do programa em si. Para a empresa que fornece o crédito ao produtor, o trâmite ocorre junto às securitizadoras.
O planejamento financeiro é importante para a obtenção de crédito rural
A avaliação de qual modalidade melhor se encaixa para o perfil e necessidades de seu negócio, depende sempre dos seus objetivos e realidade mas, vale lembrar que em todos os casos é necessário ter um bom planejamento para a utilização e avaliação do retorno dos recursos obtidos.
E, para controlar e acompanhar dados da fazenda, visando a redução de riscos, tanto para o produtor quanto para o credor, a união de tecnologias, como a própria JetBov, podem ser um facilitador para a aprovação da captação dos valores. Para as Fintechs, fica mais viável realizar o acompanhamento dos indicadores de desempenho do negócio, bem como financeiros e de custos. Para o produtor, fica muito mais fácil ter o controle de seus dados para verificar a viabilidade da operação, além dos impactos que a tomada do crédito teve no negócio, podendo responder se alcançou ou não o seu objetivo.
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