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Se você está pensando em melhorar os resultados da sua fazenda de gado de corte, uma das suas grandes preocupações deve ser com a qualidade e a produtividade do seu rebanho. Para conseguir bons resultados em ambas as coisas, o primeiro passo que você deve dar está no planejamento do sistema produtivo de sua fazenda de gado de corte!
Antes de comprar um lote de animais, você deve se fazer as seguintes perguntas:
Qual lotação que os seus piquetes suportarão?
Qual o nível tecnológico da fazenda?
Como você maneja seus pastos?
Como está o solo da sua propriedade?
Qual é a condição das suas áreas de pastagem?
Tendo essas respostas em mente, você terá condições de saber se os animais precisam ser mais rústicos ou mais produtivos – que obviamente necessitam de uma atenção redobrada para que se desenvolvam bem.
Qual é o seu Sistema produtivo?
A classificação do sistema produtivo de uma forma bem simples pode se enquadrar em: Cria, Recria, Engorda ou Ciclo Completo (que abrange todas as outras etapas).
Cria: Nesse sistema seu rebanho possui matrizes e seu retorno é o bezerro desmamado.
Recria: Aqui seu foco é aquisição do bezerro para vende-lo como garrote.
Engorda: Etapa com maior ganho de peso do rebanho, cujo objetivo é vender para o abate.
É essencial que você saiba qual é a etapa que existe em sua fazenda para que você estabeleça metas e mantenha um bom fluxo de vendas.
Tendo isso em mente seu objetivo é a procura desses animais de reposição, para uma compra otimizada, a melhor variável a ser analisada é o peso.
Portanto, se seu gado é adquirido de porteira para dentro e a propriedade possui balança, já sabe por meio de vários aplicativos e sites qual o preço de mercado do dia, para cada categoria animal, analisando assim o valor do lote. Contudo, se o seu rebanho é adquirido em leilões, essa informação pode não existir. E isso pode ser um grande obstáculo para uma compra bem feita!
Nesse caso, você deve obter a pesagem do transporte.
Por meio dessa pesagem é possível estabelecer metas de ganho de peso nesse novo lote. E planejar uma maior lucratividade, sem surpresas no momento da venda.
Qual a melhor época para comprar?
Etapa de Cria
Na fase de cria é adotada como referência a estação de monta, que basicamente consiste em concentrar os partos em agosto, setembro e outubro (no caso da região Sudeste do Brasil, a depender da região, os meses podem ser diferentes).
Algumas pesquisas dizem que o início da estação deve ter um índice pluviométrico de 100 a 150 mm de chuva no mês, o que mudaria os meses de inseminação/monta, e consequentemente os meses de nascimento. Logo, animais nascidos nessa época são chamados vulgarmente por “bezerros do cedo”. Esses bezerros dificilmente terão problemas com cura de umbigo, pois terão nascido ao final da época de seca.
Quando esse animal se torna um ruminante completo (menos dependente do leite), ele tem desempenho superior pela grande oferta de forragem e de melhor qualidade que o início das águas proporciona.
Portanto a compra entre março, abril e maio são mais aconselháveis e justificam os valores mais elevados que a época demonstra.
Etapa de Engorda
Para a etapa de engorda, uma informação muito importante é a variação de desempenho do rebanho, pois é fato que vários rebanhos sofrem uma perda de peso durante períodos de seca.
Por isso – nesses casos – o ganho de peso “zero” ainda assim pode ser lucrativo nesses animais à serem adquiridos, seja para uma terminação intensiva a pasto ou confinamento.
Dessa forma você consegue estimar o balanço energético do animal à ser adquirido.
O balanço energético positivo basicamente significa que o animal teve energia metabólica suficiente para manter o peso e produzir, ou seja, engordar.
Animais que variaram esse balanço energético constantemente, possivelmente tiveram prejuízos ruminais que afetarão o desempenho em sua propriedade, o chamado “boi sanfona“.
O único momento em que esse animal se torna lucrativo é com uma compra muito boa, sabendo que utilizará da estratégia de ganho compensatório. Mas esse é um tema bastante complicado, e voltaremos a abordar ele num artigo apenas para ele.
Qual o melhor animal ou raça?
Essa pergunta pode ser complexa pois toda raça tem seu valor, seja ele financeiro e genético.
O mérito genético desses animais deve estar claro na hora da compra, principalmente se a fazenda faz avaliação genética do rebanho, tendo assim a DEP dos animais adquiridos e sabendo que não se trata de refugos ou animais de baixo desempenho.
Fonte: Genética Aditiva
Para te ajudar nisso, temos outro post que mostra o que fazer com o animal que não está ganhando peso dentro do esperado.
Se você não tem essa informação em mãos, pelo menos busque saber a origem genética dos pais do animal. Bois e matrizes melhorados geneticamente passam essa característica para o filho. Logo, um touro, garrote ou bezerro filho de um pai de central (inseminação), que tenha a característica desejada para sua propriedade, como “maior rendimento de carcaça, maior peso ao sobre ano, maior peso ao abate, maior precocidade, maior gordura subcutânea“, pode ser escolhido com uma expectativa de desempenho maior.
Atenção: animais com mérito genético maior, precisam de um ambiente melhor. Ou seja, se não tem condições de se desenvolver, o animal pode ter todas as características genéticas ideais, mas pode acabar sendo um “boi refugo”.
Se você quiser comprar seus bois “no olho”, sem nenhuma informação genética, o desafio é maior, mas você pode fazer dar certo calculando o ECC – Escore de Condição Corporal, como ensinamos neste artigo.
Conclusão
Em um rebanho mais produtivo a genética e o manejo da pastagem, estão aliados gerando uma propriedade mais lucrativa.
Há muitos fatores que influenciam a compra da reposição, muita das vezes o preço é o único a ser considerado…
Com essas informações, que tal observar esses detalhes na hora da compra?